O preço do petróleo caiu para abaixo de zero pela primeira vez na historia, nesta segunda-feira (20/4). Com o mercado inundado do óleo, sem demanda e com cada vez menos lugares para estocar os barris, operadores passaram, literalmente, a pagar para se livrar dos contratos de entrega marcada para maio.

O óleo WTI, negociado nos Estados Unidos, fechou o dia cotado a US$ 37,63 negativos, uma queda de 305,97% em relação ao último pregão. O barril passou a ser negociado a preços abaixo de zero por volta das 15h desta segunda, horário de Brasília, até atingir esse patamar.

O motivo da queda brusca é que o contrato para entrega em maio vence nesta terça-feira (21/4). Ou seja, se não vendê-lo até essa data, o comprador fica com a responsabilidade de receber os barris, em um cenário inédito de estoques cheios e demanda apertada. Por isso, passou a vender os papéis a preços muito abaixo dos praticados geralmente e, sem sucesso, a pagar para se livrar deles.

Os Estados Unidos praticamente não têm mais onde estocar petróleo bruto, com a paralisação das atividades no país devido à disseminação do novo coronavírus. Movimento similar acontece em todo o mundo. Segundo a agência de notícias Reuters, 160 milhões de barris estão armazenados em navios-tanques hoje, número mais alto da história. No auge da crise de 2008, o armazenamento chegou a 100 milhões.

Diante desse quadro, os contratos para junho do WTI fecharam o dia cotados a US$ 20,43, o barril, queda de 18,40%. Já o óleo Brent, negociado em Londres, também sofre impactos, mas ainda de forma mais tímida. O contrato para entrega em junho caiu 8,94%, com barril sendo negociado a US$ 25,57.

Como a Petrobras usa o barril do tipo Brent como referência, os papéis não foram tão afetados nesta segunda-feira. A queda chegou a 1,36% nas ações preferenciais (PETR4) e a 1,02% nas ordinárias (PETR3).