Bares e restaurantes devem ficar fechados mesmo com liberação do comércio

Segundo o governador, as condições atuais apontam para que a liberação de diversas atividades, inclusive de shoppings, ocorra em 3 de maio, data prevista no decreto

 

O governador Ibaneis Rocha (MDB) avalia liberar o funcionamento de todo o comércio do Distrito Federal em 3 de maio. Desde o início de abril, o emedebista iniciou um processo de flexibilização no setor e autorizou algumas atividades a abrir as portas. A data prevista pelo chefe do Palácio do Buriti para a reabertura segue a definição do decreto que ampliou o isolamento na capital federal por causa da pandemia do novo coronavírus. “As condições apontam para o cumprimento do decreto”, adiantou Ibaneis.

Na terça-feira, o governador liberou o funcionamento de ópticas e, na semana passada, autorizou que lojas de móveis e eletrodomésticos abrissem as portas para os clientes, além de atividades do Sistema S. Antes disso, também puderam voltar a funcionar as agências bancárias.

Preparação

Ontem, o governador e alguns secretários se reuniram com entidades do setor produtivo para debater alternativas que viabilizem o retorno das atividades, inclusive de shoppings. O presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio-DF), Francisco Maia, participou da discussão e destacou que a abertura deverá seguir condições que garantam segurança da população e de trabalhadores.

Maia adianta que, na reunião, Ibaneis afirmou que a possibilidade da liberação de restaurantes, bares e eventos em 3 de maio é próxima de zero. “Esses são setores mais impactados pela crise, mas ele nos deixou claro que, pela avaliação de hoje, não é possível, porque o risco é muito grande e não há condições de abertura”, comentou.

Em contato com outras entidades e sindicatos, a Fecomércio elabora um documento para balizar esse novo momento, com a apresentação de normas e orientações em busca de segurança. “Estamos preparando esse estudo com sugestões do que pode ser feito. O empresário precisa estar muito ciente desse novo cenário. Não é só reabrir como era antes, vamos precisar ter controle do número de pessoas, disponibilizar máscaras, álcool em gel”, frisa. “A população também precisará ter consciência e entender a situação. Por isso, defendemos que existam campanhas informativas”, acrescenta.

Riscos

O isolamento social é a única maneira de combater a disseminação do novo coronavírus no Distrito Federal, segundo o diretor científico da Sociedade de Infectologia do Distrito Federal, José David Urbaez. Ele explica que as medidas de restrição servem para achatar a curva de crescimento da doença, porém, a população tem dificuldade de compreender isso. “Temos dois fenômenos acontecendo. O primeiro é a ignorância, porque há muitos antidiscursos, e as pessoas acabam desacreditando daqueles que se dedicam ao estudo. Além disso, há a insegurança. O medo está tão intenso, que muitos começam a pensar que nada está acontecendo e levam uma vida normal. Com isso, a gente paga com milhares de vidas”, lamentou.

José David acredita que a capital está longe do pico da doença. “Cada cidade do país teve introdução do vírus de forma diferente, o que altera a curva. Goiás, por exemplo, é aqui do lado, e tem uma situação bem diferente. É um cenário que temos pouca certeza. O isolamento antecipado no DF, antes de ter mortes, teve potência para diminuir a propagação do vírus, para que hoje a capacidade do sistema de saúde ainda esteja preservada”, alertou.

O estudioso defende que o isolamento na capital evita cenários como os de Nova York, nos Estados Unidos, e do Equador, onde o sistema de saúde entrou em colapso. “É importante frisar que as restrições devem ser mantidas. Se você afrouxar, o vírus se propaga. Temos poucas chances de ter medida que tenha efeito a curto prazo. O ideal é insistir, ficar firme e fazer o que está sendo sugerido por meio da ciência”, reforçou. O especialista ressaltou que a maioria dos casos está concentrada em regiões como Plano Piloto e Lago Sul e que a situação deve piorar quando a doença chegar às periferias, onde há maior dificuldade de aplicar o distanciamento.


Linha do tempo


14 de março

» Aulas (foto) e eventos com público superior a 100 pessoas são suspensos por 15 dias

19 de março

» A atividade comercial do DF é suspensa. Mercado, farmácias e padarias, considerados serviços essenciais, são liberados para abrir as portas

27 de março

» Lotéricas, correspondentes bancárias, lojas de conveniência e minimercados de postos de combustíveis recebem autorização para funcionar

1º de abril

» GDF estende restrições do comércio até 3 de maio, mas libera feiras permanentes que vendem alimentos

7 de abril

» O Executivo local permite a abertura de agências bancárias públicas e privadas

9 de abril

» Lojas de móveis e eletroeletrônicos da capital também recebem permissão para abrir

14 de abril

» Governo autoriza também que ópticas abram as portas para os clientes

anúncios patrocinados
Anunciando...

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.