O lançamento do crédito imobiliário sem correção ocorrerá na próxima semana, durante cerimônia no Palácio do Planalto
A Caixa Econômica Federal já bateu o martelo quanto aos juros que serão cobrados na nova modalidade de crédito imobiliário, sem correção. As taxas mínimas devem começar entre 8% e 9% ao ano e o banco da habitação mira, de acordo com fontes próximas à instituição, bater a marca dos R$ 10 bilhões em empréstimos na linha prefixada para a compra da casa própria no primeiro ano de operação.
O lançamento do crédito imobiliário sem correção ocorrerá na próxima semana, durante cerimônia no Palácio do Planalto. Deve contar, inclusive, com a presença do presidente Jair Bolsonaro, em evento similar ao do anúncio da modalidade com lastro no índice de inflação, o IPCA, realizado em agosto do ano passado.
A data do lançamento do crédito imobiliário sem correção ainda está sendo fechada e já mudou algumas vezes por conta da agenda de Bolsonaro. A última opção cogitada e que chegou a ser reservada, dia 19 de fevereiro, foi descartada justamente por conta disso.
Nesse primeiro ano de governo, Bolsonaro e o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, estreitaram relações. O executivo, que investiu a maioria de seus fins de semana em 2019 conhecendo a rede física do banco público Brasil afora, passou a acompanhar o presidente em viagens e também em algumas das lives pelo Facebook, feitas tradicionalmente às quintas-feiras.
Uma apresentação com mais de dez slides está sendo preparada para a cerimônia oficial que ocorrerá no Planalto. O foco da Caixa, conforme fontes, é mostrar que o banco tem “segurança” e “tranquilidade” para lançar a nova modalidade de crédito imobiliário, aposta para ampliar a oferta de crédito imobiliário no país.
TR zerada
O lançamento do crédito imobiliário sem correção é também mais uma ofensiva da atual gestão da Caixa de confrontar a linha tradicional, que cobra juros mais TR. O presidente do banco tem chamado atenção para o tema de forma recorrente, deste antes do lançamento da modalidade que tem lastro no IPCA. Ele defende que a TR está zerada, mas que isso pode mudar, o que representaria um risco para os bancos.
Durante evento no fim de janeiro, o presidente da Caixa confirmou que a perspectiva do banco é de que os juros da modalidade pré-fixada ficassem abaixo de 10% ao ano. Disse ainda que, embora a oferta do banco compreenda prazos mais longos, a expectativa era a de que o prazo médio ficasse ao redor dos 8,5 anos.
Concorrentes observam
Entre os bancos privados, o crédito pré-fixado é visto com mais bons olhos que o anterior, com lastro no índice oficial de inflação, o IPCA. Questionado pela reportagem, o Bradesco informou que estuda a nova modalidade. Já o Itaú Unibanco afirmou que não tem planos de operá-la no curto prazo, mas que está sempre atento aos movimentos do mercado.
“O crédito imobiliário pré-fixado desperta mais interesse que o IPCA porque é mais seguro aos clientes. O risco é da curva de juros, que fica com o banco e a tesouraria tem como controlar, ao menos no cenário atual”, diz o executivo de um grande banco, na condição de anonimato.
Em outra frente, o presidente da Caixa também defende, nos bastidores, que os juros da linha TR caiam mais, considerando o atual patamar dos juros básicos no País, a Selic, que sofreu um novo corte na semana passada, caindo para o nível histórico de 4,25% ao ano, conforme uma fonte. Guimarães tem defendido a redução de taxas em várias modalidades, principalmente, no imobiliário, que tem o imóvel como garantia, e ainda outras linhas que penalizam os mais pobres como o cheque especial.
Líder de mercado
Com a ofensiva nos juros e maior foco no imobiliário, a Caixa retomou, no ano passado, o posto de líder no crédito imobiliário com recursos da poupança (SBPE), ao conceder R$ 26,6 bilhões em 2019 ante R$ 13,3 bilhões no exercício anterior, conforme dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). Assim, desbancou, o concorrente Bradesco – líder em 2018, com cerca de R$ 17,9 bilhões, seguido por Itaú Unibanco, com R$ 16,7 bilhões.
Procurada, a Caixa não comentou. Disse que as taxas da modalidade pré-fixada ainda estão sendo fechadas e confirmou que o evento de lançamento não será no dia 19 de fevereiro.