EUA X Irã: quais as chances de uma 3ª Guerra e de o Brasil ser envolvido?

Especialistas não acreditam que as tensões entre Estados Unidos e Irã escalem para um conflito de proporções mundiais e dizem que as consequências para o país podem ser de ordem econômica

 

 

A morte do general iraniano Qassem Soleimani, durante ação com drone ordenada pelo presidente dos Estados UnidosDonald Trump, na última quinta-feira (2/1), acendeu um alerta em todo o mundo e gerou receios sobre as possíveis consequências do ataque.

Nas redes sociais, dois principais temores foram manifestados pelos internautas brasileiros: a execução de Soleimani e a promessa de vingança por parte do Irã são o início de um conflito de grandes proporções, como uma Terceira Guerra Mundial? E ainda: o Brasil, ao se posicionar, por meio do Ministério das Relações Exteriores, ao lado dos Estados Unidos, pode sofrer algum tipo de ataque por parte do Irã ou de seus aliados?

Especialistas ouvidos acreditam que a resposta para as duas perguntas é não. Uma Terceira Guerra, em moldes semelhantes ao que foram as duas primeiras, se mostra praticamente impossível na configuração geopolítica atual.

Já em relação às consequências ao Brasil, se elas ocorrerem, devem ser do ponto de vista econômico, mas não na forma de ataques bélicos. “Vi alguns comentários de pessoas se perguntando se o Brasil cogita enviar tropas (para a região). Para mim, isso é impensável”, diz o professor de relações internacionais do Ibmec Ricardo Caichiolo.

A importância do Irã

Para o especialista, o primeiro impacto da crise é uma elevação do preço do petróleo, que afeta não só o Brasil, mas toda a economia global. Um possível prejuízo especificamente brasileiro seria na relação comercial com o Irã.

O professor lembra que o Brasil é um grande exportador de milho, carne e soja para o país persa. E mais: além de comprar esses produtos, o Irã exerce grande influência sobre países do Oriente Médio. “Quando se alia aos Estados Unidos, o Brasil pode gerar para si um problema, afetando também a relação comercial com outros países contrários à postura norte-americana”, analisa.

A decisão do governo iraniano de chamar para explicações a encarregada de negócios do Brasil no país não deve ser vista como uma grave ameaça, segundo Caicholo. “Não acredito que seja uma questão para alarme. O Irã não gostou da posição brasileira, mas convocar o Brasil não deixa de ser uma prática diplomática. Quando algo que não agrada o país foi manifestado, é direito desse país chamar algum representante. É natural, depois da nota emitida pelo Itamaraty”, diz.

E uma Terceira Guerra?

Com relação a um conflito armado de grandes proporções, envolvendo vários países, Caichiolo explica que essa possibilidade é remotíssima devido ao atual “xadrez político internacional”. Uma guerra assim afetaria o comércio internacional, a economia e outros países importantes e influentes, que não têm interesse algum em deixar que a crise chegue a esse ponto.

O analista político Lucas Fernandes, da BMJ Associados, concorda que uma guerra mundial, atualmente, está descartada. “Quando pensamos em guerras mundiais, na qual transferiríamos contingentes grandes do Exército, por exemplo, percebemos que isso mudou. O próprio ataque dos EUA foi feito por meio de drone, sem presença física. A natureza da guerra mudou bastante”, comenta.

Apesar de o Irã informar que há diferentes cenários de retaliação e ter lançado mísseis em duas bases americanas no Iraque, Fernandes acredita que o próprio Congresso dos Estados Unidos já tem se manifestado para frear as ações de Donald Trump. “Por enquanto, cogitar [uma guerra] em cima do imponderável. A própria Câmara dos EUA está tentando minar as ações do Trump, tentando reduzir o poder autocrático de ações de guerra dele. O Congresso deles está mobilizado para isso”, ressalta.

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