Editora responsável por fornecer as definições ao Google diz que tomou a decisão por considerar que o uso da palavra professora para se referir a prostituta não é ”relevante o bastante para que seja mostrada de maneira tão proeminente”
Dicionários on-line e o Google editaram o verbete “professora” para que a palavra não apareça mais como sinônimo de prostituta. A decisão foi tomada após internautas iniciarem uma campanha contra o conteúdo.
O motivo dos protestos era a segunda definição para “professora” mostrada quando alguém fazia uma busca no Google pedindo o significado da palavra. O seguinte texto era mostrado: “Professora. Substantivo feminino. 1. mulher que ensina ou exerce o professorado. 2. Brasileirismo-Brasil. N.E. infrm. prostituta com quem adolescentes se iniciam na vida sexual.”.
Após a polêmica, o site de buscas informou que as definições de palavras nas suas páginas são fornecidas pela Oxford University Press. Ao ser informada da polêmica, a editora, que tem parceria com os mais tradicionais dicionários brasileiros, decidiu editar o conteúdo.
“A Oxford University Press adota uma abordagem baseada em evidência para a curadoria do conteúdo de dicionários. Isso significa que, frequentemente, incluímos termos que podem ser considerados gíria ou até mesmo ofensivos”, informa a editora inglesa em nota. “Esta definição veio de uma fonte confiável e foi classificada como uma gíria regional, entretanto, não a consideramos popular ou relevante o bastante para que seja mostrada de maneira tão proeminente”, prossegue o texto.
No resultado para o significado de professora no site de buscas do Google(foto: Reprodução/Google)Entenda a polêmica
Nos últimos dias, os internautas perceberam que, ao fazer buscas como “professora significado”, o usuário era apresentado a algumas definições, entre as quais a que causou polêmica. Esse fato gerou diversas reclamações e uma campanha para denunciar o resultado.
A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) chegou a emitir uma nota afirmando que questionaria o site de buscas. A confederação também disse que notificaria a editora Positivo e demais responsáveis publicação do Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, onde o termo professora também é relacionado a “prostituta com quem adolescentes se iniciam na vida sexual”.
Foi constatado, na terça-feira, que em diversos sites on-line de dicionários a definição que causou polêmica aparece. Entre eles, as versões digitais de Houaiss, Michaelis, Aurélio e Aulete. Também foram consultadas edições impressas de 1999 e 2010 do Dicionário Aurélio e de 2009 do Houaiss. Nas três, também ocorre o registro de prostituta como um dos possíveis significados de professora. Nesta quinta-feira, nas versões digitais, a associação com protistuta não aparecia mais.
“O dicionário é inocente”
Formada em letras pela Universidade de Brasília (UnB) e editora de Opinião, a especialista em linguística Dad Squarisi afirma que o dicionário é inocente nessa polêmica. “Ele sofre de incurável falta de criatividade. Incapaz de inventar, só anota as acepções que frequentam a boca dos falantes. Machista, discriminatória, injusta etc. e tal é a sociedade”, analisa.
