Muito mais do que uma característica pessoal, o charme é um estilo de dança que atrai pelo gingado e pela simplicidade dos passos. Uma mistura de soul e black music, tradicionais gêneros musicais americanos, a modalidade tem inspiração nos anos 1980. No Brasil, o nome, batizado pelo DJ Corello, em março de 1980, no Rio de Janeiro, gerou um movimento cultural nas comunidades que perdura até hoje. Para os bailes charmes, os frequentadores capricham na escolha de roupas elegantes, com cores e acessórios com referências afro.

Filha de cariocas e apaixonada pelo ritmo, a produtora cultural e educadora social Priscila do Carmo decidiu levar a dança para Sobradinho 2. Por meio do projeto Figuras da Dança, idealizado por ela, em 2014, o objetivo é apresentar charme e flashback para pessoas de todas as idades, unir gerações e aproveitar espaços públicos para o desenvolvimento de atividades culturais, esportivas e de lazer.

Para ela, além de cultura, o evento proporcionará qualidade de vida e bem-estar. “Pensamos no individual e no coletivo, pois temos uma missão de ocupar os espaços públicos com atividades culturais e sociais. Precisamos contribuir também para um processo empreendedor na área de produção cultural local e despertar o sentimento de pertencimento. A nossa cidade precisa de pessoas ativas em uma cultura de continuidade”, ressalta Priscila.

A vice-diretora do CEF 8, Conceição Marone, acredita que o evento é importante para a integração de alunos e família. Uma oportunidade para se conhecerem, se identificarem e perceberem que todos podem estar inseridos. “O CEF 8 tem essa missão, de ter o aluno e a comunidade como foco principal e tentamos nos enquadrar no que chamamos hoje de comunidade de aprendizagem”, destaca.

Parceiro do Figuras da Dança, o professor Yago Beirão explica que a dança oferece a oportunidade de o aluno melhorar a coordenação motora, fortalecer os músculos e trabalhar o equilíbrio. “Além do bem-estar físico e da integração social, o projeto trabalha o desenvolvimento do sentimento de pertencimento da comunidade em relação ao espaço escolar, que é de acesso universal”, reforça.

A estudante de direito Andressa Dyane Alves, 26 anos, é irmã do aluno do CEF 8 Alek Pereira, 14, e está com boas expectativas com o evento. Para ela, a ideia é inovadora e pode chamar a atenção dos alunos para as atividades escolares. “Conhecemos o projeto e sabemos que será um dia espetacular, não só para jovens e adolescentes, mas para a comunidade de Sobradinho, que tanto precisa de mais eventos culturais”, explica.

A parceria entre o Figuras da Dança e o CEF 8 começou em agosto deste ano, quando os voluntários do projeto decidiram dar aulas de charme e flashback para os moradores da região, gratuitas, toda quinta-feira, às 19h30. Para a operadora de máquinas em uma gráfica Ana Maria de Sousa, 41, o curso é terapêutico, pois une duas paixões: dança e música. Na adolescência, ela tinha o desejo de dançar, mas não teve oportunidade. Assim que soube do projeto na escola, não pensou duas vezes e deixou o desejo de infância ressurgir. “Pensei que a dança era algo que tinha se apagado da minha mente, mas não. Depois de tantos anos, vi o post das aulas nas redes sociais e comecei a frequentar. Passou a ser o meu lazer, o meu momento, a minha forma de desestressar. Agora que comecei, só vou parar com mais de 80 anos, quando não aguentar”, brinca Ana.

As aulas de charme e flashback também encantaram o filho dela, Davi Ferreira, 12. Ele é filho único e o mais novo do grupo. “Tê-lo ao meu lado é ainda mais motivador. Ele ama a dança também. Acredito que a participação dele nesse evento de domingo vai chamar outras crianças para a dança, para dentro da escola. Não há nada mais gratificante do que ver o filho fazendo algo bom desde pequeno”, diz.

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