No DF o aumento da punição inibe, mas não acaba com transporte pirata

Mesmo sob o risco de recolhimento do carro, loteiros mantêm atividades na Rodoviária do Plano. Contudo, movimento foi menor que o habitual

 

A segunda-feira (07/10/2019) marcou o primeiro dia útil desde que entrou em vigor a lei que torna o transporte irregular de pessoas e bens em infração gravíssima. Mesmo com o endurecimento das punições, motoristas se arriscavam na atividade ilegal na Rodoviária do Plano Piloto. Ao longo do dia, dezenas de veículos que faziam lotação passaram pelo terminal, e a equipe flagrou carros estacionando em locais proibidos, desembarcando até cinco pessoas e embarcando outras.

Apesar do movimento, a impressão de passageiros acostumados a utilizar o transporte foi de que o fluxo de “loteiros”, como são chamados, diminuiu. De acordo com o pedreiro Edenilson Santos, 26 anos, ele utiliza veículos irregulares todos os dias para ir para o trabalho e voltar para casa, em Planaltina, mas nesta segunda-feira não conseguiu a “carona” habitual. “Tive que pegar ônibus para chegar ao Plano, não apareceu carro de jeito nenhum. Mas, para ir embora agora, vou esperar aqui na parada. O que aparecer primeiro eu pego”, disse.

Quem também percebeu uma inibição dos motoristas piratas foi a cabeleireira Alessandra Gomes, 32. Acostumada a esse tipo de transporte, ela afirmou que já esperava há mais de meia hora quando conversou com a reportagem. “Até passou um que conheço, mas ele não parou. Deve estar com medo. Se ninguém aparecer, vou ter que descer na Rodoviária, pegar uma fila e ainda correr o risco de ir em pé”, afirmou.

Para o cozinheiro Reginaldo de Abreu, 46, que utiliza transporte ilegal há mais de 30 anos, a população não gosta de utilizar ônibus pela demora. “Para chegar ao Plano com o pirata, eu posso sair de casa às 5h30. Se for pegar o ônibus, tenho que sair às 4h45. O pirata é bem mais rápido”, comenta.

Confira os flagrantes feitos pela reportagem

Também nesta segunda-feira, a reportagem entrou em um carro pirata no trecho entre a Rodoviária Metropolitana de Brasília-Goiás e o Lago Sul. Antes de embarcar no veículo, foi possível perceber redução no número de condutores do transporte pirata que costuma ficar no ponto – entre a estação de ônibus e o Museu Nacional.

Dentro do carro, o motorista demonstrou preocupação e pediu para que os passageiros mantivessem as janelas fechadas até determinado ponto. Com um grupo de WhatsApp ativo, ele informava e era informado acerca dos trechos com fiscalização.

Com o monitoramento, a viagem correu naturalmente, assim como as chamadas para embarque na Rodoviária do Plano Piloto e a circulação de pessoas em torno do transporte pirata.

Ao passar a ser classificado como o mais alto nível de violação no Código de Trânsito Brasileiro (CTB), o transporte remunerado de pessoas ou bens, quando não licenciado, passa de infração média para gravíssima, punida com multa de R$ 293,47 e remoção do veículo. O condutor só não será autuado em “casos de força maior ou com permissão da autoridade competente”.

Número de ocorrências diminui em 2019

De acordo com o Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF), duas operações foram realizadas pelo órgão na segunda-feira, em Planaltina e no Plano Piloto (Eixinho Sul). Foram feitos sete flagrantes de condutores realizando transporte de pessoas sem licença e outros quatro vans escolares com a autorização vencida.

Ao todo, até setembro de 2019, foram 3.675 autuações realizadas pelo Detran somando os dois tipos de ocorrência. Número quase 30% menor com relação ao mesmo período do ano passado, quando foram registradas 5.227.

Para a PMDF, a variação decorre “em razão do aumento do registro de Termos Circunstanciados de Ocorrência (TCO) realizados por policiais militares no ano de 2019. Portanto, além da multa já aplicada, os infratores passaram a responder judicialmente, o que tem inibido o cometimento desse tipo de infração”.

Perigo

Denúncias com relação ao transporte pirata são feitas. Na época, a reportagem apurou que o setor paralelo contava com mais de 10 mil veículos, que movimentavam R$ 3 milhões por dia, segundo estimativas oficiais daquele ano.

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