O teletransporte já existe! Só não é tão legal quanto nos filmes

Se você sempre sonhou em teletransportar-se, temos boas notícias. Um pequeno passo  para a humanidade acaba de ser dado. Tá, é um micropasso. Talvez um nanopasso… mas  não vamos perder as esperanças.

Um grupo de cientistas do Instituto Nacional de Padrões e Tecnologias (NIST) dos Estados  Unidos conseguiu no final de maio um feito inédito: teletransportar uma pequena operação  lógica quântica entre dois íons distantes. Você parou de ler depois de teletransportar,  certo? Calma que eu te explico.

Trata-se de algo bastante diferente e muito distante do tal sumir em um lugar e reaparecer em outro, como na ficção científica. Ainda assim, é um ótimo exemplo de como de pouquinho em pouquinho a ciência alcança feitos fascinantes. Dentro da física quântica, o teletransporte já rolou.

Foi observado e comprovado dezenas de vezes desde a década de 90 por uma propriedade chamada de entrelaçamento ou emaranhamento (entanglement, em inglês): quando duas partículas estão entrelaçadas, mimetizam o comportamento uma da outra, independentemente da distância entre elas.

Há algumas maneiras de se entrelaçar duas partículas. Em um exemplo bastante simplificado, uma delas é disparar um feixe de luz com essas partículas por um tipo específico de cristal. Quando elas atravessam, estarão emaranhadas. Em geral, estudos com teletransporte quântico vão alguns passos além disso.

Para se ter uma ideia, um experimento de 2017 conseguiu teletransportar um fóton (menor partícula que compõe raios eletromagnéticos) de um instituto de pesquisa no Tibete para um satélite 1.400 km distante da Terra.

Ok, isso não é exatamente como na ficção científica… Não tem matéria, só é feito o transporte de informação. O termo teletransporte é usado corretamente, afinal há o transporte de um ponto a outro sem qualquer interação entre esses dois sistemas. Mas está longe, muito longe de qualquer coisa parecida com Jornada nas Estrelas.

O lance é que a pesquisa mais recente, publicada na revista Science, deu um passo além e conseguiu transferir mais que uma informação. O experimento envolveu dois íons (átomo eletricamente carregado) de magnésio e dois íons de berílio.

As partículas de magnésio foram entrelaçadas, e uma delas foi forçada a interagir com um dos íons de berílio. A interação feita no primeiro berílio ocorreu também no segundo, sem que eles tivessem qualquer contato um com outro.

“Então os dois íons emaranhados entre si agiram, digamos, como mediadores, e daí vem o teletransporte não só de uma informação quântica, mas de sistemas. Dessa vez, foi feita uma operação lógica chamada C-NOT Gate”, diz a professora.

Mas para o que servem estes experimentos? Para viabilizar a construção de computadores quânticos, capazes de um processamento milhares de vezes superior à computação tradicional a que estamos acostumados. Grosso modo, isso se deve ao fato de que enquanto um bit normal corresponde a uma informação (0 ou 1), cada bit quântico (qubit) é 0 e 1 ao mesmo tempo.

No caso da experiência, cada íon de berílio se comportou como um desses qubits. Um computador quântico, por sua vez, precisaria de milhões de bits e fazer com que eles se comunicassem por teletransporte reduziria a necessidade de conexões mecânicas em larga escala.

Talvez não dê um bom filme de ficção científica, mas pode mudar a maneira como entendemos a inteligência artificial, por exemplo, daqui há algumas décadas.

Tá. Mas e eu? Quando me teletransporto?

Bom, nunca. Os descendentes, quem sabe. Na realidade, vislumbrar teletransportes de matéria ainda está num campo bastante especulativo em relação ao teletransporte quântico de informações.

Uma das possibilidades seria transformar uma pessoa em informação, enviar essa informação para outro local, e reconstruí-la com uma espécie de impressora 3D biológico, o que não é uma má ideia.

Em 2013, um grupo de estudantes da Universidade de Leicester, na Inglaterra, calculou que todas as células humanas seriam o equivalente a 2,6 elevado a 42 bits, ou seja 2,6 seguido de 42 zeros.

Com uma internet de velocidade média, essa quantidade de dados levaria por baixo um pouquinho menos de 5 milhões de anos para ser transmitida.

Mesmo assim, um cientista americano chamado Michio Kaku insiste que em um séculos teremos descoberto uma maneira de nos teletransportar. A internet só precisa dar uma aceleradinha.

 

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