Homem acusado de matar mulher na Asa Sul é suspeito de outros crimes

Detido depois de tentar estuprar uma mulher na última terça-feira, João Marcos confessou ter matado a assistente social no domingo passado. Testemunhas falaram que ele já havia assediado a vítima antes. Polícia investiga outros possíveis crimes

 

O Distrito Federal continua sendo palco de crimes violentos contra as mulheres. Uma triste rotina. A Polícia Civil identificou e prendeu mais um homem que cometeu crimes de assassinato e estupro na capital. João Marcos Vassalo da Silva Pereira, 20 anos, foi preso na terça-feira por uma tentativa de abuso sexual. No mesmo dia da prisão, agentes da 6ª Delegacia de Polícia (Paranoá) e da 1ª DP (Asa Sul) encontraram o corpo da assistente social Pedrolina Silva, 50, na beira do Lago Paranoá, e começaram a fazer ligações entre os dois casos com o suspeito detido. Na carceragem, João Marcos confessou os dois crimes.
A delegada responsável pelo caso, Bruna Eiras, conta que o acusado e Pedrolina eram vizinhos. “Os dois moram no Paranoá Park, e uma denúncia anônima informou que João já tinha assediado a assistente social mais de uma vez. Quando fomos entrevistá-lo, ele confirmou o fato”, disse a representante da 1ª DP. O crime foi premeditado, segundo ele. O acusado detalhou que entrou no mesmo ônibus que a vítima, no domingo, e que desceu uma parada após ela desembarcar, na L4 Sul. “Depois, fez o caminho retornando, encontrou com ela, a puxou pelo braço e ameaçou estar com uma faca. Ele disse que a estuprou em um matagal e depois a matou, para ocultar o crime sexual”, informou a delegada.
João afirmou que cometeu o assassinato por asfixia, mas um laudo da morte de Pedrolina mostrou que a causa do óbito foi esgorjamento, que é o corte por faca na região da frente do pescoço. O objeto utilizado ainda não foi encontrado. As investigações ainda estão sendo realizadas, para apurar detalhes e confirmar a versão do acusado. Por isso, ainda não está concretizado por quais crimes ele será indiciado.

Mais crimes

 “Talvez ele responda por feminicídio, por ter essa relação próxima com a vítima. Mas ainda está sendo analisado. Outro ponto que tem que ser avaliado é se houve a violência sexual, que ele confessa. Estamos aguardando a confirmação do Instituto de Medicina Legal (IML) para definir”, afirmou Bruna. Caso seja confirmado o feminicídio, este seria o 20º crime deste tipo no ano no DF. Em 2018, 29 mulheres foram assassinadas na capital, e em 2017 a capital registrou 18 vítimas.
Para a delegada, João Marcos pode ter cometido outros crimes semelhantes na região do Lago Sul. “Com a prisão dele, podemos investigar outros casos em aberto. Como temos o material genético do detido, pegamos a forma de atuação e comparamos com possíveis vítimas. Então, caso alguém o reconheça nas imagens, pedimos para que procure a Polícia Civil para registrar a ocorrência”, solicitou Bruna Eiras. Um detalhe que chamou atenção dos investigadores foi que o assassino confesso não apresentou muitas preocupações em ser encontrado, pois utilizou a mesma roupa nos crimes de domingo e terça-feira.
Essas informações colhidas e falas desconexas em alguns momentos do depoimento de João fazem com que a polícia desconfie de algum tipo de transtorno mental. “Há indícios de que ele tenha algum distúrbio, então vamos fazer as avaliações necessárias”, contou a delegada. Ele já tem passagem pela polícia por tráfico de drogas e roubo, ocorrências de 2017 e 2018, e mora com o pai no Paranoá.

Sepultamento

O corpo de Pedrolina Silva, mais conhecida como Lina, será sepultado, nesta quinta-feira (5/9), no Cemitério de Taguatinga, às 11h. Ela foi lembrada por familiares, amigos e vizinhos pela personalidade acolhedora, calma e por ser muito trabalhadora. Formada em serviço social em 2017, fez pesquisas sobre a violência contra a mulher para o trabalho de conclusão de curso (TCC), entregue na Universidade Católica de Brasília (UCB). “Era muito tranquila, se dava bem com todo mundo. Quando soubemos da morte dela, ficamos chocados. Porque é algo assustador ver notícias de mortes de mulheres, como temos visto. Mas quando acontece com alguém próximo de nós, a sensação é ainda pior”, disse Esmailde Caetano, 48, vizinha de Lina.

O ataque

Às 9h36 de domingo, Pedrolina enviou uma mensagem de áudio a uma amiga, avisando que havia chegado na parada de ônibus da L4 Sul, onde se encontrariam para irem a um clube. Cerca de seis minutos depois, no entanto, ela foi abordada por João Marcos. Câmeras de segurança de uma universidade flagraram o momento em que ele se aproxima rapidamente da vítima e os dois entram em uma luta corporal. Em seguida, ela é arrastada para fora do alcance das imagens até uma área de mata fechada, onde foi morta.
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