Mãe que denunciou pai por torrar dinheiro de salvar o filho se pronuncia

Em nota oficial publicada nas redes sociais da campanha, Karine Rodrigues disse que campanha foi interrompida por decisão judicial e que filho tem acesso ao medicamento por ordem judicial

 

Um dia depois do marido Mateus Henrique Leroy Alves ser preso pela polícia em Salvador, onde ele gastava o dinheiro arrecadado via campanha para salvar a vida do filho João Miguel, Karine Rodrigues, a mãe da criança diagnosticada com Atrofia Muscular Espinhal (AME), se manifestou. Em texto escrito na rede social Instagram, a mulher ressaltou que sua “conduta sempre foi pautada pela boa-fé”.
Assim como informado pelo delegado Daniel Gomes, que comanda as investigações, Karine disse que procurou a polícia por um “comportamento estranho que Mateus vinha tendo”. O pai, segundo a polícia, gastou R$ 600 mil dos R$ 1 milhão e 17 mil arrecadados na campanha do filho, realizada em Conselheiro Lafaiete, na Região Central do estado.
Karine também disse que seu filho conseguiu, por meio judicial, as três primeiras doses do medicamento Spinraza, que custa R$ 365 mil cada comprimido. Além disso, a mãe informou que a campanha, por ora, devido ao auxílio do poder público, a campanha está suspensa.
No entanto, Karine Rodrigues destacou que, caso novas doses não sejam fornecidas, a campanha pode voltar. “Caso a liminar seja revogada e o João perca o tratamento via judicial, voltaremos com a campanha e contamos com a solidariedade de todos”, disse.
Ela também criticou a cobertura que a imprensa deu ao caso. Segundo Karine, o mesmo espaço não é dado quando famílias fazem campanhas para portadores da doença degenerativa.
“Fico muito triste que uma notícia tão ruim e estarrecedora tenha tomado tamanha proporção nos noticiários, quando tantos pais lutam a todo o momento para ter um pouquinho de espaço na mídia e levar um grito de socorro de seus filhos com AME”, reclamou.
A mulher também pediu orações em prol da recuperação do filho e elogiou os trabalhos realizados pela polícia.

Confira a nota na íntegra abaixo:

 

O caso

Mateus Henrique Leroy Alves, de 37 anos, foi preso ontem pela polícia em Salvador. O pai de João Miguel vivia uma vida de luxo na capital baiana, de frente pra praia, com roupas e acessórios de marca e entorpecentes. Ele morava em um apart hotel e já havia quitado dois meses de aluguel adiantados. Tudo bancado com o dinheiro que deveria ser destinado à compra do remédio do filho.

As investigações começaram no início de julho, quando a mãe da criança procurou a delegacia de Conselheiro Lafaiete. Durante as investigações, a polícia obteve a quebra do sigilo bancário do acusado e pôde avançar ainda mais nas investigações.

No total, eram quatro contas-correntes, sendo duas administradas pela progenitora e duas pelo suspeito. Mateus Henrique tinha as senhas da mulher e, por meio delas, fazia transferências para suas contas a partir dos sistemas de internet banking.

Mateus deixou Conselheiro Lafaiete em 8 de maio. Ele contou à família que iria para Belo Horizonte com objetivo de fazer um curso de vigilante.

Contudo, nunca dava explicações sobre o curso. Ele visitou a cidade do interior por duas oportunidades durante o período, ambas passagens rápidas.

Segundo a polícia, há possibilidade de Mateus ter cometido o crime de lavagem de dinheiro, já que a quantia gasta é alta para um período tão curto.

O suspeito está casado com sua mulher há 13 anos. O casal teve dois filhos, um de 10 e o mais novo que sofre com a doença degenerativa. Mateus estava desempregado quando a vaquinha era feita, segundo a polícia.

Suspeito arrependido

Em conversa com a imprensa, ele disse estar arrependido, mas ressaltou que era vítima de extorsão. “Deixa a polícia investigar e vocês (jornalistas) vão saber o que era. Ostentação não existiu. Eu peço desculpa, mas queria deixar minha família intacta, em segurança”, disse. No entanto, ele também afirmou que pede perdão à esposa e a quem ajudou na campanha.

O acusado vai responder pelos crimes de estelionato e abandono material. Sobre a versão dada pelo suspeito sobre uma possível extorsão, o delegado Daniel Gomes disse que as datas apresentadas por ele não batem e que Mateus não apresenta informações concretas sobre o fato.

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