Presidente diz que Instituto não pode fazer “propaganda negativa do Brasil” ao divulgar números que mostram aumento de 68% no desmatamento da Amazônia. E determina que ministros discutam os dados com o diretor do órgão
Acusação
O presidente Jair Bolsonaro voltou a negar que tenha ofendido a população do Nordeste, na sexta-feira, durante café da manhã com jornalistas estrangeiros. “Daqueles governadores… o pior é o do Maranhão. Foi o que falei reservadamente para um ministro. Nenhuma crítica ao povo nordestino, meus irmãos. Mas o melhor de tudo foi ver um único general, Luiz Rocha Paiva, se aliar ao PCdoB de Flávio Dino, para me chamar de antipatriótico”, disse o presidente por meio do Twitter, criticando o militar, que havia condenado suas declarações. “Sem querer, descobrimos um melancia”, escreveu.
Na sexta-feira, aparentemente sem saber que o microfone estava ligado, Bolsonaro usou o termo “paraíba” ao criticar Flávio Dino, e o governador da Paraíba, João Azevedo (PSB), durante conversa com o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, ao lado de correspondentes estrangeiros. Ao falar de Dino, ele disse: “não tem que ter nada com esse cara”.
O presidente foi criticado por demonstrar preconceito contra nordestinos e perseguição a um estado governado por um oposicionista. Ontem, ao retornar de um restaurante em Brasília, o presidente conversou com cidadãos em frente ao Palácio da Alvorada. E foi questionado por jornalistas se temia retaliações em sua viagem à Bahia, programada para amanhã.
“Eu critiquei dois governadores, três segundos no pé de ouvido, três segundos”, afirmou. Indagado sobre os governadores terem ficado ofendidos, monstro incômodo com a polêmica. “Ah, meu Deus do céu. Quem ficou ofendido? Não, não, não. Se eu tenho um problema com o Sul, ninguém fala. Vocês mesmos, da mídia, ficam querendo separar o Nordeste do Brasil. O Nordeste é Brasil, é a minha terra, eu ando em qualquer lugar do território brasileiro”, disse.
Na sequência, ele perguntou: “Tem algum nordestino ofendido aí?”, ao que os admiradores responderam, aos gritos de “não”. Depois enfatizou a pergunta: “Atenção, imprensa. Tem algum nordestino ofendido comigo aí?”, ouvindo, novamente, uma resposta negativa. O presidente acrescentou que seu governo é o que “mais emprestou recursos para o Nordeste até agora, apesar do contingenciamento (de recursos do Orçamento)”.
FGTS: multa pode ser revista
O presidente Jair Bolsonaro afirmou que o governo “pode pensar”, futuramente, em reduzir a multa de 40% do saldo do FGTS paga a trabalhadores demitidos sem justa causa. “Olha, o valor [da multa] não está na Constituição, eu acho que não está. O FGTS está no artigo 7º da Constituição, mas o valor é uma lei. A gente pode pensar lá na frente (em alterar o valor), mas, antes disso, eu tenho que ganhar a guerra da informação: eu não quero manchete amanhã dizendo: ‘O presidente está estudando reduzir o valor da multa’. O que eu estou tentando levar para o trabalhador é o seguinte: menos direito e emprego ou todo direito e desemprego”, disse.
O pagamento da multa do FGTS é imposto pela Constituição, que determina que ela deve ser equivalente a quatro vezes o valor de 10% — ou seja, 40% — com base no que foi estipulado pela lei que criou o fundo, em 1966.
No sábado, o presidente havia negado a intenção de extinguir a multa. “Em nenhum momento, vocês da mídia vão ter um vídeo meu falando que vou acabar com a multa de 40% do FGTS”, afirmou, acrescentando que ele apenas tinha dito que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso criou uma multa adicional de 40% para os demitidos por justa causa e que isso encareceu o custo das demissões. Na verdade, a alíquota foi definida pela Constituição de 1988.
Ontem, Bolsonaro anunciou, ainda, que a liberação de saques do fundo pode ser anunciada na próxima quarta-feira. “Acredito que seja quarta. A gente está precisando. Um de vocês falou ontem no Alvorada, é um paliativo? É. É uma vitamina que você tem que tomar agora, porque o ano está acabando. Você pode ver as sinalizações da Previdência, no primeiro turno, já fizeram a bolsa se estabilizar acima de 100 mil pontos. O dólar também caiu um pouco. Já tem gente preocupado que o dólar não pode cair muito para não prejudicar as exportações”, disse Bolsonaro.