Ex-vice-governador Benedito Domingos tenta viabilizar cemitério na DF-180

Benedito e o filho pediram apoio oficial para encaminhar projeto em gleba de 30 hectares localizada entre Taguatinga e Ceilândia

 

Aos 85 anos e cumprindo prisão domiciliar, o ex-vice-governador do Distrito Federal Benedito Domingos está mais vivo do que nunca. Sua recente investida é na ocupação de um terreno às margens da DF-180 onde ele externou intenção de construir um cemitério. Atualmente, as áreas destinadas a enterros na capital federal são todas públicas. Mas há um projeto de lei tramitando na Câmara Legislativa que prevê o uso de endereços privados para a atividade. O tema deve entrar na pauta da CLDF logo após o retorno das férias dos parlamentares.

Na última quarta-feira (10/07/2019), Benedito Domingos, acompanhado do filho Sérgio, esteve no Palácio do Buriti. Eles foram recebidos pelo Secretário de Governo, José Humberto Pires. O ex-ministro da Saúde e hoje deputado federal Ricardo Barros (PP-PR) também participou do encontro. Na reunião, Benedito e o herdeiro pediram apoio oficial para encaminharem proposta de uso de um terreno de 300 mil metros quadrados entre Taguatinga e Ceilândia sobre o qual alegam propriedade. Não é de hoje que a família de Benedito planeja dar destino rentável para a gleba localizada em área rural.

Ainda no governo de Rodrigo Rollemberg (PSB), Benedito Domingos tentou emplacar um projeto de parcelamento urbano na região onde a família tem fazenda. A ideia, no entanto, não vingou. Atentos à janela de oportunidade que se abriu com as notícias de que, em breve, faltarão vagas nos cemitérios do Distrito Federal, integrantes da família de Benedito começaram a se movimentar.

Atendendo a uma orientação do governador Ibaneis Rocha (MDB), o secretário Humberto Pires recebeu o grupo, ouviu a demanda e sugeriu que procurassem à Agência de Desenvolvimento do DF (Terracap). “Desde que me tornei governador, eles tentam uma agenda comigo. Mas não achei que era o caso de recebê-los. Pedi ao secretário de Governo que os atendessem por uma questão de atenção. Particularmente, tenho respeito pelo Benedito Domingos, que guarda uma história com a cidade. Mas os filhos dele aprontaram e o resultado disso foi o pai ir parar na cadeia”, disse o governador.

Condenações

Ex-presidente do PP no DF, Benedito ocupou o cargo de vice-governador na gestão de Joaquim Roriz e também foi eleito deputado distrital. Em 2013, acabou condenado pelos crimes de fraude em licitação, corrupção passiva e formação de quadrilha. Ao todo, pegou quase 12 anos de pena. E chegou a cumprir sete meses em regime fechado, na Papuda. Ele foi acusado de agir politicamente para direcionar contratação superfaturada de uma empresa ligada a seus filhos que prestou serviço de decoração natalina ao GDF.

Poucos dias depois, um novo pedido de reunião foi feito à Terracap. Desta vez, o deputado Ricardo Barros solicitou ao próprio presidente do órgão, Gilberto Occhi, que recebesse os representantes do Grupo Prever. A empresa administra cemitérios em vários estados. A agenda chegou a ser marcada para essa terça-feira (16/07/2019), mas acabou cancelada por um assessor do parlamentar que está em viagem ao exterior.

Interesse nos cemitérios

Por meio de sua assessoria de imprensa, Ricardo Barros confirmou à coluna que acompanhou a visita de Benedito Domingos ao Palácio do Buriti na semana passada e admitiu interesse no ramo dos negócios envolvendo cemitérios. Em resposta à reportagem, falou sobre “prestar o serviço em parceria com empreendedores especializados e parceiros locais no DF”.

Um dos responsáveis por encontrar solução para a abertura de novos espaços destinados a cemitérios no DF, o secretário de Justiça e Cidadania, Gustavo Rocha, disse desconhecer o pleito específico da família de Benedito. Mas explicou o contexto envolvendo a questão. Segundo Rocha, as previsões oficiais apontam que em, no máximo dois anos, alguns cemitérios do DF (ao todo existem seis) vão atingir suas capacidades máximas de operação. Os casos mais críticos são os de Taguatinga e do Gama.

De acordo com o secretário, há duas formas de enfrentamento da situação. Uma delas é a aprovação do projeto de lei autorizando a instalação de cemitérios em áreas privadas. A matéria, se passar, terá de ser, em seguida, regulamentada pelo Poder Executivo. A outra hipótese é a de que o próprio governo, por meio da Terracap, disponibilize novas áreas para a atividade. Neste caso, os administradores seriam escolhidos por meio de licitação. “Se o projeto na Câmara avançar, vamos promover audiências públicas para encaminhar o tema da forma mais transparente possível”, disse Rocha.

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