PCDF apura venda de atestados com assinatura de médicos que morreram

Um dos casos foi denunciado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública. Esquema seria feito dentro do HRT

 

Polícia Civil investiga a venda de atestados no Hospital Regional de Taguatinga (HRT) assinados por médicos que já morreram. Um dos casos foi denunciado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública e resultou em um inquérito instaurado na Coordenação de Repressão aos Crimes Contra o Consumidor, a Propriedade Imaterial e a Fraudes (Corf).

Um servidor público lotado no Arquivo Nacional, órgão vinculado à pasta, ficou afastado do trabalho por sete dias após apresentar um atestado assinado em 5 de maio de 2018 pelo médico ortopedista Fábio José Almeida Barros. No entanto, segundo informações do Conselho Regional de Medicina do DF (CRM-DF), o profissional faleceu em 3 de dezembro de 2017, data anterior à emissão do atestado concedido no HRT.

 

“A Corf vai apurar a suposta venda de atestados e a participação de outras pessoas no crime. Se a falsificação for comprovada, a pena é maior por tratar-se de documento público. Nesse caso, tanto quem produziu, vendeu e usou será autuado”, explicou o delegado-chefe da Corf, Wisllei Salomão.

Por meio de nota, a Secretaria de Saúde informou que a direção do Hospital Regional de Taguatinga “está colaborando com as investigações policiais e adotará as medidas necessárias conforme cada caso.”

Operação In corruptionem

O hospital de Taguatinga foi alvo da Polícia Civil e do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) na última semana. Uma servidora identificada como Ruby Lemos é suspeita de cobrar dos pacientes para furar a fila de cirurgias. Segundo as investigações, a mulher teria ameaçado vítimas e testemunhas para que elas não a denunciasse.

Na sexta-feira (05/07/2019), a PCDF cumpriu quatro mandados de busca e apreensão contra Edson dos Santos, ou a trans Ruby Lemos. Sendo três em residências frequentadas por ela e um no HRT, onde a mulher já atuou como enfermeira-chefe.

Os investigadores acharam ainda uma agenda com o controle dos pagamentos. Segundo apurou, há registros das cirurgias cobradas e a relação dos valores.

Uma das vítimas ouvidas pela PCDF confirmou que, em setembro de 2017, precisou fazer uma cirurgia na rede pública de saúde. Depois de 15 dias de espera, foi procurada por uma servidora com as características de Ruby, que afirmou ser possível adiantar o procedimento por R$ 5 mil.

Ruby exerceu o cargo em comissão de supervisor de emergência do HRT entre 27 de fevereiro de 2017 e 11 de fevereiro de 2018. No período de 20 de março de 2018 a 1º de janeiro de 2019, ela foi requisitada para a Câmara Legislativa do DF (CLDF). Depois, voltou novamente ao cargo em comissão no HRT, quando surgiram novas denúncias contra ela.

Apesar das provas, Ruby não foi presa. No entanto, a Justiça determinou medidas cautelares, como o pagamento de fiança no valor de R$ 9,9 mil, a proibição de manter contato com vítimas e testemunhas e de frequentar unidades de saúde do DF, salvo para atendimento médico. O descumprimento pode resultar na decretação de prisão da acusada.

 

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