Pets também sofrem de depressão

Solidão e mudanças súbitas na rotina podem desencadear um estado depressivo. Fique atento a sinais do problema em pets

 

 

Ainda hoje, é muito comum que a depressão não seja vista como uma doença. Se esse estigma persiste em relação a transtornos mentais em humanos, imagine quando o paciente é um animal. Mas ficar deprimido também é coisa de bicho. Os tutores precisam ficar atentos. Mudanças comportamentais, isolamento e inatividade parcial ou total podem ser indícios de que algo não vai bem com o pet.

A médica veterinária sistêmica Carla Soares explica que a depressão é um distúrbio emocional e mental persistente. É mais do que se sentir triste por alguns dias. Os sinais clínicos centrais da doença incluem diminuição do apetite e apatia. O pet fica relutante a passeios e a socializar, e acaba passando mais tempo deitado ou dormindo.

Se a depressão estiver associada a um quadro de ansiedade, e as doenças ocorrerem ao mesmo tempo, outros sintomas percebidos são choro e latido excessivos, lambedura de patas e queda de pelos. “Assim como os humanos que apresentam algum problema comportamental, os animais também ficam mais reativos que o normal. Mesmo os bichinhos que pareciam tranquilos, podem se tornar agressivos”, garante Carla.

São fatores de risco: maus-tratos, humanização em excesso, traumas e o distanciamento da figura de vínculo — no caso, o tutor, quando ausente. A cuidadora de animais Ana de Paula, da creche The Walkers, sustenta que as pessoas têm os pets em casa, muitas vezes, para terem uma companhia e preencherem a sensação de vazio, mas esquecem que os bichos também precisam de atenção.

Para Carla, o animal reflete o comportamento do ambiente em que está. “Por isso, é importante entender esse padrão de adoecimento de forma psicoterápica.” Segundo a veterinária, que não consegue mais olhar para o animal desvinculado do ambiente dele, os bichos manifestam as dores dos tutores e, por esse motivo, o quadro depressivo pode estar associado a algo que se passa com o dono e que reflete no animal.

A boa notícia é que são muitas as estratégias de tratamento. A veterinária Dayanne Mayra, especializada em reabilitação animal, aponta que, após ter a depressão do bicho diagnosticada por um profissional, entre as terapias mais recomendadas estão a acupuntura, o uso de florais, a cromoterapia, o reiki e a ozonioterapia — que pretende diminuir os níveis do cortisol, o hormônio do estresse.

Seja na prevenção, seja na recuperação da doença, os tutores podem — e devem — estimular atividades recreativas, passeios e brincadeiras que ajudem o animal a mudar o foco e a gastar energia. Uma saída interessante para pessoas que não têm tempo para realizar essas atividades com o companheiro pode ser levar os peludinhos para creches e hotéis que disponibilizam cuidados ao longo do dia.

Queda de pelos

Por conta da depressão, Tobby perdeu parte do pelo e passou a ficar isolado(foto: Arquivo Pessoal)
Por conta da depressão, Tobby perdeu parte do pelo e passou a ficar isolado(foto: Arquivo Pessoal)

 

Tobby, 2 anos, apresentou os sinais da depressão já aos 6 meses de idade. A tutora dele, Daniele de Andrade, 32, bancária, pensou, de início, que a mudança no comportamento teria sido motivada pelo estresse da idade. Ela acreditava que as atitudes do spitz alemão eram normais, já que ele ainda não era castrado, na época. Mas, depois da cirurgia de castração, os sintomas foram aumentando. Os pelos do corpo do cãozinho caíram quase todos e ele se isolou bastante. “Tobby nunca ficou sozinho, sempre estive ao lado dele 24 horas por dia. Na minha cabeça, não havia motivos para estresse ou depressão”, pondera.

Mesmo com vários exames, nada apontava para uma alteração significativa — fator complicador para entender qual era o quadro do animal. Depois de seguir uma série de tratamentos com remédios, xampus e cremes para os pelos, a solução não chegava. Tobby teve a pior crise, uma piora severa, no início do ano, quando Daniele retornou ao trabalho e se distanciou. “Ele ficou muito triste. Sempre permanecia deitado, não saía do sofá, chorava. Não brincava, não respondia aos meus comandos, não comia. Muitas vezes, latia sem parar, parecia que estava desesperado”, relata.

Com a orientação da veterinária, tratamentos de acupuntura, cromoterapia, ozonioterapia e reiki proporcionaram uma melhora considerável no animal. “Os pelos nasceram, ele voltou a brincar e a ser bem ativo.” O cãozinho passou a ter uma rotina de passeios e de exercícios mais ativa. A tutora também colocou Tobby em uma creche para pets para ele socializar e ter companhia.

Recuperação

Depois de sofrer uma lesão grave na coluna, Penélope, uma dachshund de 7 anos, perdeu totalmente a mobilidade das patas traseiras e as patinhas dianteiras ficaram muito comprometidas. “Ficou quietinha, sem interagir ou demonstrar alegria com nada. Chorava durante a noite, não dormia. Recusava alimentação, água e até petiscos”, conta a tutora dela, Fabiana da Silva, 39, enfermeira. Triste e assustada, Penélope queria morder para se defender. O comportamento não era nada parecido com o da cadelinha de antes do acidente. “Acreditamos que o fato de ela ficar acamada e dependente foi o que desencadeou essa tristeza”, acredita a tutora.

Desde o início do tratamento, Penélope só tem melhorado. Hoje, embora continue paraplégica, é uma cadelinha superalegre, fazendo arte por onde passa. Fabiana conta que a dachshund se comunica querendo atenção, colo, comida e até pedindo para passear. Ela permanece com o tratamento de fisioterapia para melhorar a mobilidade, o que também auxilia a manter a energia e a afastar a depressão.

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